Paris, 1922 - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Paris, 1922
19.06.2006

A revista Time, edição de 13 de março/2006, traz interessante matéria sobre o livro “A Night at the Magestic”, que se refere a jantar festivo realizado no luxuoso Hotel Majestic, em Paris, em maio de 1922. Aquela reunião social foi única, pois as cinco figuras que ilustram a capa do livro são James Joyce, Marcel Proust, Pablo Picasso, Igor Stravinsky e Serge Diaghilev, este último o fundador do Ballet Russo. A festa, com a participação de quarenta a cinqüenta pessoas de destaque nas letras, nas artes e nos meios sociais da Europa, entre elas as cinco já nominadas, foi organizada por um rico patrocinador das atividades culturais, o inglês Sydney Schiff, que pensou em reunir alguns expoentes da intelectualidade da época, a fim de celebrar a primeira apresentação pública do ballet Le Renard, de Stravinsky. Richard Davenport-Hines, jornalista residente em Londres, escritor com várias obras publicadas, é o autor de “A Night at the Majestic”. A edição americana, lançada nos últimos dias de maio passado, sob o título “Proust at the Majestic”, tem na capa a fotografia somente de Proust. Aproveitando as facilidades eletrônicas e os descontos de lançamento, adquiri esse excelente livro, o qual se dedica, na maioria dos capítulos, a aspectos biográficos de Marcel Proust, especialmente dos dias que lhe antecederam a morte. No primeiro capítulo, entretanto, Davenport se detém nos comentários sobre a reunião festiva do Hotel Majestic, realizada na noite de 18 de maio de 1922. Proust chegou ao encontro por volta das 2 horas e 30 minutos da manhã, contrariando a previsão de ausência, pois estava recluso e totalmente absorto na sua produção literária. “Sodoma e Gomorra”, o quarto volume de “Em busca do Tempo Perdido” acabara de ser publicado, o que lhe aumentava a fama e a admiração dos leitores em toda a Europa. A grande expectativa era o encontro entre Proust e Joyce, os dois escritores que, no dizer de Davenport-Hines, destruíram as certezas literárias do século XIX, da mesma forma que Einstein revolucionou a física. Joyce também vivenciava a glória pelo recente lançamento do “Ulysses”, publicado em Paris, em fevereiro de 1922. O diálogo entre os dois geniais escritores, conforme depoimentos constantes no livro, foi pouco cordial, com perguntas e respostas monossilábicas de parte a parte. O crítico de arte Clive Bell, casado com uma irmã de Virginia Woolf e que estava naquela memorável reunião festiva, fez comparações entre Joyce, desajeitado, parecendo alcoolizado, mal-cuidado, e Proust, bem-vestido, embora fisicamente debilitado. O grande escritor francês, em verdade, morreria seis meses depois, exatamente no dia 18 de novembro de 1922, na presença do irmão, Robert, e da governanta leal e amiga, Célest Albaret. Nos momentos finais, Proust foi visitado pelo Professor Joseph Babinski (1857-1932), médico que descreveu, pela primeira vez, o sinal de Babinski, que passou a ser rotina nos exames físicos neurológicos. O livro faz registro histórico-literário importantíssimo, principalmente pelo inusitado encontro entre expoentes do Modernismo, no auge do movimento que revolucionou as diversas manifestações culturais em todo o mundo. Representa não somente mais um estudo da vida e da obra de Marcel Proust, mas também um deleite para seus numerosos fãs.

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