É preciso dizer não! - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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É preciso dizer não!

É preciso dizer não!

Quando vemos a cena clássica, em um ambiente público, de uma criança esperneando no chão pelo fato de não ter o que deseja ou, ainda, a permissividade ou passividade do responsável ao se deparar com os pedidos ou frustrações dos filhos, geralmente causa uma impaciência e várias indagações no espectador. É comum aparecer falas ou questionamentos como: “ Na minha época meu pai só olhava e eu obedecia”, “Quando crescer vai mandar no pai”, (...), quem observa de fora costuma ter uma fórmula mágica para a questão colocada. Mas será que existe uma fórmula? O que fazer para dar limites às crianças de hoje?

Diante da questão colocada, trago ao leitor uma reflexão sobre os desafios e a importância de dizer “Não”  à geração kids do século XXI.

Nesse sentido, começamos refletindo sobre o papel dos pais na formação dos filhos. A família é o primeiro grupo que o ser humano interage. É no núcleo familiar que aprendemos as primeiras lições de vida, temos as primeiras experiências de amor, construímos nossa personalidade e aprendemos a lidar com as primeiras frustrações. 

Winnicott, pediatra, psicanalista e  referência na psicologia infantil, traz a importância da mãe suficientemente boa, que é aquela que está sempre atenta às necessidades de seu filho, dando-lhe o amor e aconchego que precisa, porém ensinando-lhe também a lidar com as frustrações,não lhe concedendo tudo o que deseja, mas o que realmente necessita,  para que assim a criança possa crescer com amor e aprender a lidar com a falta.

O psicanalista Jacques Lacan, mostra-nos em sua teoria a importância da lei, que seria o estabelecimento da ordem e regras na vida do ser humano, exercido pela figura paterna, que permite à criança sair de uma relação simbiótica com a mãe, e  descobrir o mundo , adquirindo sua autonomia.

Fazendo uma relação com a temática em discussão, pode-se dizer que temos atualmente uma ausência de frustrações e de regras na vida das crianças, ficando refletido através de seus comportamentos de birra e manipulação frente à possibilidade de perda ou falta de algo que desejam. Os pais, muitas vezes por não saberem lidar com tais situações, acabam concedendo o que os filhos lhe pedem, achando que estão fazendo o melhor. 

A criança quando tem um comportamento de se jogar no chão, gritar, chorar ou manipular de alguma forma o adulto, ela não o faz por mal, mas porque ainda não aprendeu a lidar com as “faltas” da vida, e isso é tarefa do adulto ensiná-la. Como toda lição exige tempo, exercício e paciência.

A ausência de limites causa na criança uma falsa sensação de “poder”, podendo ocasionar várias conseqüências para a sua vida, tendo em vista que vivemos em uma sociedade formada por regras, que o homem se constrói socialmente, assim sendo, nem sempre seremos felizes na satisfação de nossos anseios, tendo por muitas vezes que ceder aos desejos do outro. Então, como lidar com a frustração de não ter o meu desejo realizado, já que sempre tive tudo? É uma pergunta que faço ao leitor, pensando nesta criança que não aprendeu a levar “não” em sua vida. Pois bem, dificilmente esta criança, posteriormente adolescente e adulto, lidará de uma forma saudável com as frustrações que a vida poderá lhe trazer. 

A importância de dizer “não”, de estabelecer regras na vida do ser humano, quando criança, é que na infância há formação e estruturação da personalidade e do caráter, além de  aprendermos, interiorizarmos e acomodarmos sensações, sentimentos e lições que nos acompanharão para toda a vida. Os pais são para a criança seu referencial, espelho e modelo a ser seguido. Se o pai educa seu filho, ensinando-lhe com amor, a reconhecer suas limitações, este poderá contribuir para a formação de uma sociedade mais harmoniosa, saudável e menos individualista.

Palloma Nunes

Aluna de Psicologia do UNI-RN


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