Anatomia do poder - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Anatomia do poder
01.09.2005

Os desvarios cometidos por alguns políticos brasileiros e por pessoas a eles unidas na cumplicidade estarrecem e envergonham a nação. Notícias chocantes passaram a ser o dia-a-dia dos meios de comunicação, o que obriga todo cidadão a refletir sobre essas ocorrências, no sentido de não somente fazer a união do protesto, mas também de estabelecer estratégias para a depuração das práticas políticas e administrativas do setor público. Claramente, os aviltados e aviltantes comportamentos que geraram esse escândalo nacional estão atrelados à ânsia pelo poder. Em qualquer instância, a luta pelo poder, muitas vezes de forma incontrolável, impulsionada por egolatria deformada ou por corporativismo exagerado, é capaz de desvirtuar ou até destruir os saudáveis relacionamentos humanos e, conseqüentemente, os projetos ou as próprias instituições que dependem desse bom relacionamento. Há alguns anos, li um livro escrito por John Kenneth Galbraith sob o título “Anatomia do Poder”. Voltei às páginas desse livro do grande pensador, canadense de nascimento (1908), professor de famosas universidades americanas (Princeton e Harvard) e autor de várias obras mundialmente conhecidas, especialmente no campo da Economia. Max Weber (1864-1920), sociólogo e cientista alemão, embora conhecedor de que o tema é muito complexo, oferece uma definição simples de poder: “É a possibilidade de alguém impor a sua vontade sobre o comportamento de outras pessoas”. E Bertrand Russel (1872-1970), detentor do Prêmio Nobel de Literatura - 1950, remete-nos à reflexão ao dizer: “Dos infinitos desejos do homem, os principais são os desejos de poder e de glória”. Galbraith afirma, logo no início, que o objetivo do seu trabalho é identificar as fontes do poder na personalidade, na propriedade e na organização, e observar os instrumentos pelos quais ele é exercido e imposto. Resumidamente, o autor define três instrumentos de poder: condigno, compensatório e condicionado. No tipo condigno, há ênfase na punição, ou seja, a submissão ocorre pelo temor das conseqüências adversas. O compensatório, pelo contrário, é exercido pela oferta de uma recompensa. Muito comum nesse tipo é o envolvimento pecuniário para se obter submissão aos objetivos econômicos. Atente-se, também, que um elogio pode ser relacionado ao poder compensatório, assim como uma reprimenda ao poder condigno. O terceiro instrumento é o poder condicionado, quando a submissão se faz pela persuasão, pela convicção e crença em determinadas idéias e princípios. O uso desses três instrumentos pelas três fontes de poder oferece uma gama de inter-relações que vão desde aquelas revestidas de total honestidade e ética até as inteiramente desonestas e/ou antiéticas. Infelizmente, o Partido dos Trabalhadores, por parcela significativa de seus ex-dirigentes nacionais e de alguns aliados, na ânsia de glória e permanência nas instâncias de comando do país, optou por abandonar a defesa de idéias e convicções, em favor da adoção de forma abjeta do poder compensatório, pela compra de consciências e de apoio político, o que resultou nesse imbróglio, de negativas e imprevisíveis conseqüências para o país.

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