A Medicina Sob Estresse - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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A Medicina Sob Estresse
15.07.2004

A Medicina constitui um dos temas principais da experiência humana. Sua história se confunde com a história do homem, estando intimamente relacionada não somente com os fenômenos biológicos, mas também com os de natureza social e econômica. Evidentemente, são os médicos, de ontem e de hoje, que asseguram o prestígio da profissão, através do trabalho diuturno, no alívio da dor e do sofrimento; na prevenção, no diagnóstico e na cura das doenças. Nunca é demais ressaltar a importância desse exercício profissional. Basta que nos lembremos dos instantes em que pessoas que amamos estiveram nas mãos dos médicos, dependendo das suas decisões, dos seus gestos de solidariedade, dos seus tirocínios clínicos e das suas prescrições terapêuticas. É bem longa a caminhada, desde o momento em que um jovem pensa em ser médico, até o dia em que ele está apto para o pleno exercício profissional. Começa com a barreira do vestibular, geralmente o mais concorrido. Vencida essa etapa, são seis anos de estudos árduos para a graduação. Segue-se, para uma maioria, mais outro período de residência médica e especialização, o que representa de 10 a 12 anos de formação profissional. Abstraímos, aqui, a carreira acadêmica, representada pelos cursos de Mestrado e Doutorado. Eis que esse jovem médico (ou médica) vê chegada sua tão esperada hora de começar, plenamente, a praticar a medicina que aprendeu e que terá de continuar aprendendo pelo resto da vida. Então, será mais um a ter de enfrentar uma situação de muitas dificuldades postas como obstáculos ao trabalho médico pleno, correto e digno, tão necessário para quem pratica e para quem dele se beneficia. Aos médicos, atualmente, são oferecidas poucas opções no setor público e, na área privada, empresas estão a explorar e a desvirtuar a medicina no Brasil. O valor de uma consulta médica pago pelos planos de saúde varia entre R$ 8,00 e R$ 32,00, com uma média de R$ 20,00, incluindo o retorno, dentro do prazo, que não é remunerado. É fácil fazer o cálculo para se saber quantas consultas por mês são necessárias apenas para pagar despesas de manutenção do consultório particular. Dessa forma, são os médicos impelidos a fazerem atendimento rápido, sacrificando o que existe de fundamental nessa atividade, que é a conversa com o paciente, a anamnese bem feita e o exame físico minucioso. Para suprir essa deficiência, muitas vezes, a consulta termina logo com a requisição de exames para subsidiar o diagnóstico, alguns deles supérfluos. Com isso, ficam onerados os planos de saúde, o que serve de argumentos para manter em valores aviltantes a remuneração médica. Alguma coisa há de ser feita para tirar a medicina brasileira dessa encruzilhada em que se encontra. Confiamos que o bom senso haverá de se impor e que as propostas formuladas pelos órgãos representativos da classe médica sejam discutidas e consideradas pelo poder público, pelas empresas que atuam no setor e por toda a sociedade brasileira. As Cooperativas, especialmente a Unimed, podem e devem muito ajudar no encaminhamento das melhores soluções. Neste mês de outubro, mês em que se comemora o dia do médico, homenageamos a Medicina e os seus profissionais. Ao longo do tempo, a humanidade conviveu com grandes médicos; o Brasil e o Rio Grande do Norte também. Quando falamos de grandes médicos não nos referimos somente a nomes famosos, mas também àqueles que exerceram e exercem a medicina com amor, superando as vicissitudes circunstanciais e dignificando a ciência e a arte de Lucano. Mesmo submetidos a condições indutoras de condutas inadequadas, os médicos, em sua maioria, procuram pôr em primeiro lugar as altas responsabilidades que o exercício profissional deles exige. Além disso, devem se unir para defender uma Medicina mais efetiva, na qual exista o respeito e a exigência ao correto desempenho profissional. Impõe-se que lhes seja assegurado, também, o direito de poderem viver condignamente, sem terem de acrescentar ao estresse natural da profissão, o estresse que nasce de uma estrutura sócio-econômica injusta e que termina sendo perigosamente prejudicial, não somente para eles, mas para toda a sociedade.

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