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Um livro por dia
01.10.2007

Jeremy Mercer, jovem jornalista canadense, chegou a Paris três dias antes do Ano Novo de 2000. Levava pouco dinheiro e fugia com medo de ameaça que lhe fizera um bandido citado em uma de suas matérias de jornalismo policial. Foi morar em pequeno hotel e vagou sem rumo pela cidade. Nessas andanças, conheceu uma estudante de São Paulo de quem tornou-se amigo. Depois de algum tempo e já sem reserva em dólares, soube de uma livraria que emprestava e vendia só livros de língua inglesa. Essa estranha loja tinha uma biblioteca com mais de dez mil volumes, para uso gratuito de qualquer pessoa. Mais ainda: hospedava jovens escritores em dificuldades e, para isso, mantinha camas simples em suas diversas salas, onde se viam livros em estantes ou jogados por cima de cadeiras e mesas. Na segunda visita à livraria, incentivado pela amiga brasileira, encontrou o dono da loja a quem pediu apoio e abrigo. Dia seguinte, Jeremy Mercer passou a viver nesse lugar meio caótico, em que tudo parecia fora de ordem. Lá ficou por quatro meses. Essa experiência, ele transformou na obra “Um livro por dia – Minha temporada parisiense na Shakespeare and Company”. Do original “Time was soft there”, publicado pela St. Martins Press, em 2005, veio a edição brasileira, com o título já citado, da Casa da Palavra (2007), tradução de Alexandre Martins. O livro focaliza a história de livraria que faz parte dos roteiros turísticos de Paris, a Shakespeare and Company. Essa loja, que é muito mais um ponto histórico-literário da capital da França, situada na margem do Sena e de frente para a catedral de Notre-Dame, serviu de inspiração e cenário para o ótimo trabalho de memórias do escritor canadense. O livro detém-se mais na atual Shakespeare and Company, criada por George Whitman, mas fala da outra livraria com igual nome fundada por Sylvia Beach, ex-enfermeira americana, que foi morar em Paris, depois de servir ao exército do seu país. Leitora voraz e amiga de grandes escritores, Sylvia Beach abriu, em 1919, a livraria especializada em obras da língua inglesa. A loja instalada no nº12 da rue l’Odeon logo tornou-se famosa e passou a ser ponto de encontro de renomados escritores: F. Scott Fitzgerald, Gertrude Stein, Ezra Pound e Ernest Hemingway, entre outros. Em “Paris é uma festa”, Hemingway faz especial menção à Shakespeare and Company. Sylvia Beach ostenta a glória de ter publicado pela primeira vez o livro “Ulisses”, de James Joyce, obra-prima da literatura mundial. Sob pressão das tropas nazistas que ocupavam Paris, a versão original da Shakespeare and Company fechou suas portas, em 1941. Dez anos depois, começa a segunda fase da livraria, por iniciativa de George Whitman, também norte-americano. George, filho do escritor Walter Whitman, não tem parentesco algum com o poeta de “Folhas de Relva”, Walt Whitman. O desejo de sempre servir se traduz em um dos seus lemas: “Seja gentil com estranhos, pois eles podem ser anjos disfarçados”. Dizendo-se marxista, George sonhou em transformar sua loja em uma utopia socialista. Cerca de 40.000 pessoas já passaram por lá como hóspedes, cada um com a obrigação de ler um livro por dia. No roteiro dessa obra está quase sempre a figura exótica do bibliófilo George Whitman. A prazerosa leitura de suas 318 páginas deixa, também, a vontade de se conhecer ao vivo essa famosa casa parisiense.

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