Tuberculose - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Tuberculose
29.03.2007

Não é raro o relato de caso de tuberculose em uma família, ocorrido muitos anos atrás. De minha parte, alguns familiares desenvolveram a doença, na primeira metade do século passado, ou seja, antes da era dos antibióticos. Um tio-avô, após deixar o seminário, contrariando o desejo dos pais de terem um filho padre, formou-se em medicina, a sua verdadeira vocação. Ainda nos primeiros anos do exercício profissional, ao saber que um colega de turma estava tuberculoso, foi visitá-lo a fim de confortar-lhe no sofrimento. O amigo, portador da forma severa da doença, ao se aproximar do tio Benjamim, teve um acesso repentino de hemoptise, cobrindo-lhe o rosto com sangue expelido com força dos pulmões afetados. Pouco tempo depois, Benjamim adoecia de tuberculose pulmonar grave, com rápida evolução para o óbito. Outra lembrança familiar triste é de uma prima em segundo grau, inteligente, linda e sensível, vítima inelutável dessa enfermidade, falecida aos 25 anos de idade. Ao se olhar o passado, é fácil ver a alta incidência e mortalidade da tuberculose, haja vista o drama da doença vivido por tantas pessoas que marcaram a história. Só para exemplificar, D. Pedro I morreu por agravamento da tuberculose pulmonar, na mesma sala em que nascera 36 anos antes, no palácio de Queluz – Portugal. Castro Alves, o Poeta de “O Navio Negreiro” e “Vozes d’África”, era muito jovem quando sucumbiu à doença. Manuel Bandeira, outro expoente da poesia brasileira, sofreu dessa enfermidade, mas conseguiu vencer-lhe o poder agressivo. Aliás, sobre o romântico poeta baiano, defensor das causas da liberdade e da justiça, Manuel Bandeira disse ser “... a maior força verbal e a inspiração mais generosa de toda a poesia brasileira”. A tísica vitimou um dos maiores gênios musicais da humanidade, Frédéric Chopin (1810-1849), aos 39 anos de vida. Chopin estava em Palma de Maiorca com seu novo amor George Sand (trata-se do pseudônimo da escritora Aurore Dupin), ao receber o diagnóstico de portador da tuberculose pulmonar. Além do golpe pela certeza da moléstia incurável, sofreu a discriminação dos moradores da ilha, apavorados com a notícia, motivo da sua retirada às pressas para viver por algum tempo confinado em misterioso convento. No âmbito local, ao se identificar figuras notáveis norte-rio-grandenses que sofreram as agruras da tuberculose, não há como omitir a família Castriciano de Souza. O Poeta Henrique Castriciano (1874-1947) pela tuberculose pulmonar perdeu, ainda criança, o pai e a mãe; a irmã Auta de Souza (1876-1901) -também extraordinária poeta – faleceu da mesma causa, e ele teve a enfermidade a atormentá-lo a vida toda. O dia 24 de março transformou-se em referência mundial no combate à tuberculose, pois, nessa data, no ano de 1882, o pesquisador alemão Robert Koch (1843-1910) mostrou para o mundo o bacilo causador da doença. Por essa descoberta, foi agraciado com o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 1905. Não obstante a eficácia da terapêutica atual, é temerário e errôneo pensar a tuberculose como doença do passado, até porque aumentam a cada dia os casos resistentes ao tratamento. Estima-se que 30% da população mundial esteja infectada pelo bacilo de Koch. No Brasil, há previsão de 6.000 mortes/ano causadas pela doença. Os órgãos da saúde pública estão atentos, mas a população como um todo deve estar alerta para a ameaça que retorna com força por causa das artimanhas de uma bactéria identificada há mais de um século.

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