Oliver Sacks e o irmão Michael - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Oliver Sacks e o irmão Michael

Oliver Sacks nasceu em Londres, em 1933, e morreu em Nova York, a 30 de agosto de 2015. Em 1958, formou-se em Medicina, no Queen’s College, e, dois anos depois, emigrou para os Estados Unidos, onde exerceu a profissão de médico-cientista, além de ser um escritor muito premiado. Entre seus livros mais conhecidos, encontra-se Tempo de Despertar – 1973 –, obra adaptada para o cinema, em filme protagonizado por Robin Williams e Robert De Niro. Alguns meses atrás, ele escreveu uma carta, publicada no jornal The New York Times, na qual relatou que sofria de câncer – melanoma –, diagnosticado há nove anos, doença que avançou de maneira lenta e gradual para uma fase sem retorno. Em um dos trechos da carta, Sacks escreveu de forma direta: "Sinto-me grato por ter tido nove anos de boa saúde e produtividade desde o diagnóstico original, mas agora estou de cara com a morte". Passaram-se seis meses desde que a pungente carta veio a público até o dia em que Oliver Sacks deixou o mundo dos vivos. Mas sua obra escrita, na maior parte nascida da sua vivência de médico neurologista e cientista, torna-o imortal.

Ciência e arte, em especial a literatura, estão unidas na vida e na obra de Oliver Sacks. Sempre em Movimento, Companhia das Letras, julho de 2015, é livro autobiográfico, no qual Oliver Sacks expõe por inteiro sua vida, inclusive sua sexualidade e sua fase de adesão às drogas. Na primeira parte desse livro, ele fala da sua família londrina. Pai, mãe e dois irmãos eram médicos, mas seu irmão Michael teve dificuldades nos estudos, pois sofria de esquizofrenia. Ele diz que Michael fora um menino esquisito, era clara sua dificuldade em manter contato, não tinha amigos e parecia viver num mundo próprio. Aos 13 anos, após um período de estudos no internato do Clifton College, Michael tornou-se psicótico, sentia-se fechado em um mundo mágico, passou a ter delírios e alucinações. Seus pais ficavam a indagar a causa dessa doença do filho. Teria sido o sofrimento no Clifton College, seria algo presente nos genes, ou mesmo a forma como em casa Michael fora tratado ou maltratado? Aos dezesseis anos, ele foi internado em um hospital, e recebeu tratamento com choque de insulina e eletrochoque. Em 1953, surgiu o primeiro tranquilizante – Largactil –, o qual foi logo prescrito para Michael. Oliver teve dúvida sobre a eficácia do novo fármaco, e perguntou ao irmão como se sentia, e a resposta foi trágica: "É como se nos matassem aos poucos".  O autor revela o quanto se arrependeu por não ter sido mais presente no apoio a Michael.

Hoje, novos tratamentos são capazes de controlar a esquizofrenia, com menos efeitos colaterais, ao lado de outras medidas paralelas de cuidados com o doente, pois as questões dessa doença são de maior abrangência. É de grande importância um diagnóstico precoce, a fim de que o tratamento tenha êxito mais preciso. Uma pesquisa internacional, com a participação do Professor Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro da UFRN, na qual se usa um algoritmo para analisar a fala de pessoas com alguma disfunção psíquica, poderá ser a chave para detectar o potencial de surtos psicóticos. Sidarta Ribeiro conclui, em sua entrevista à Folha: "A identificação precoce dos pacientes pode ajudar a criar estratégias melhores de tratamento".  Isso importa não somente no âmbito familiar, mas também no âmbito escolar de qualquer nível de ensino.


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