Na fila do autógrafo - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Na fila do autógrafo
22.09.2011

Só um motivo muito forte impede-me de estar presente nos lançamentos de livros, para os quais recebo o convite. Vou até mesmo para alguns sem convite, em honra ao tema, ao autor ou aos dois. Por vezes, as longas filas na espera do autógrafo podem cansar, mas surge sempre uma boa conversa com os vizinhos do lento percurso. Não raro, tornam-se agradáveis reuniões sociais, encontros com amigos, bebidas e petiscos de primeira, alegres bate-papos. Há poucos dias, ótimos livros foram lançados em Natal, adjetivo que também se aplica aos autores e aos festins nos momentos dos autógrafos. No dia 15 deste mês de setembro, fui abraçar o jovem escritor Pablo Capistrano, na Siciliano do Natal Shopping, no instante em que ele fazia chegar às mãos dos muitos leitores mais uma das suas admiradas obras, desta feita o livro de contos "É preciso ter sorte quando se está em guerra", o qual ainda não li, mas, pelo autor, sei que é de alto valor literário.  De lá, saí às pressas para o Midway Mall, a fim de colher o autógrafo de Ticiano Duarte, no seu livro "No Chão de Perrés e Pelabuchos". Como sempre, o que ele escreve é o que há de melhor nos textos memorialísticos da história política norte-rio-grandense. Ainda era cedo, 19 horas, mas a Siciliano já mostrava um ar de festa, ou seja, momento alegre para se festejar o livro, o autor e os leitores. Ao comentar esse grandioso lançamento, fruto dos preclaros méritos do escritor, bem assim da sua ética de vida, Woden Madruga resumiu: "Era um rio de gente que se viu no lançamento do livro de Ticiano Duarte. Mais ou menos às 22h30, Ticiano descansou a munheca. Foram quatro horas seguidas de autógrafos, perto dos 300 livros". Na fila, tive a sorte de ficar vizinho ao amigo Hélio Santiago, um rio-grandense-do-norte que se orgulha dessa condição, mesmo tendo nascido em Catolé do Rocha, na Paraíba. Hélio já passou dos 80, mas se mantém como se tivesse menos 15 ou 20 anos: disposto, participativo, sem enfado físico ou mental. É lídimo representante daquela famosa "reserva moral e ética" de uma coletividade. Para começo de conversa, foi logo dizendo o quanto gostava de ler meus escritos - crônicas ou artigos - publicados nesta Tribuna do Norte. Agradeci feliz da vida e, com modéstia - seria falsa modéstia? -, creditei suas palavras à amizade mútua. Porém, ele insistiu e disse que chegou a comparar meus textos com os de um celebrado escritor da terra, autor de vários livros. Rimos os dois, achei que não merecia tanto; o amigo exagerou mesmo, mas confesso que fiquei todo ancho, como aprendi a dizer desde o meu tempo de menino em Nova Cruz. Hélio Santiago, apesar de potiguar de coração, mantém seus vínculos afetivos com a Paraíba, inclusive com a leitura dos principais jornais de João Pessoa. Então, falou-me de um artigo do jornal Correio da Paraíba, publicado dois anos atrás, o qual faria chegar às minhas mãos, pois se refere a José Amâncio Ramalho, meu tio em segundo grau, porquanto era irmão da minha avó materna e, também, do pai de Noilde Ramalho. Escrito por Ramalho Leite, o artigo se reporta ao pioneirismo de José Amâncio Ramalho que, no início do século passado, construiu uma hidroelétrica nas águas do rio Camucá, com turbinas trazidas da França, para iluminar cinco cidades do brejo paraibano, no destaque Bananeiras e Borborema. O telefone na região foi outra ação ousada daquela notável figura. O autor fixa uma cena do passado que merece transcrever: "Menino de nove a dez anos e morando algumas casas adiante da empresa de luz, me aproximava daquele homenzarrão de terno branco, atraído pelos seus gritos. Pela janela do prédio saía um fio grosso até o seu ilustre ouvido. Na calçada, escorado à parede, Zé Amâncio mantinha colado ao ouvido um aparelho preto em forma de funil e, próximo à boca, outro utensílio semelhante". Eis o registro de simples e bons instantes vividos em função de uma fila de autógrafos.

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