Minha história - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Minha história

“Foi a primeira ocorrência desse tipo na minha vida. A questão do nascimento, da vida, é muito marcante”. Assim falou a tenente Cristiane Soares, 33 anos, da PM de São Paulo, sobre uma urgência que ela atendeu, na qual teve de ajudar a uma mulher em trabalho de parto. Esse caso virou notícia nacional, e, em dias recentes, transformou-se em matéria da Folha de S. Paulo, assinada pelo jornalista Thiago Amâncio, compondo a série “Minha história”. Conta a tenente Cristiane a sua migração de advogada para policial militar, em face dos exemplos na própria família, pois seu pai e tios pertencem a essa corporação do estado de São Paulo. Em 2011, fez a Academia de Polícia Militar do Barro Branco e, agora, é tenente do 17º Batalhão da Polícia Militar em Mogi das Cruzes-SP. A tenente diz que, em um dia chuvoso de dezembro de 2016, ela e o cabo Correa foram atender uma ligação do 190, e encontraram no local uma mulher no banheiro, em pleno trabalho de parto, sem tempo de levá-la para um hospital, pois a cabeça do bebê já era visível.

Os familiares estavam aflitos e não sabiam o que fazer, parece até que a mais calma da casa, naquele instante, era a própria gestante. “A gente iniciou o apoio, foi a primeira ocorrência desse tipo na minha vida. Nós temos aula de pronto-socorro e apoio ao parto no curso de preparação para PM, mas nunca tinha passado por isso.” Com a ajuda da tenente, a criança nasceu sadia, mas, um mês depois, recebeu outro atendimento de urgência de um PM, durante um engasgo no momento da amamentação. O menino chama-se David e a tenente Cristiane é a sua madrinha de batismo. 

O caso acima contado, remete-me a um episódio que vivi, algumas décadas atrás. No início da década de 1970, ao regressar de uma temporada em São Paulo, onde fiz pós-graduação na USP,  fui residir com a família em um apartamento na rua Trairí. À época, era mais fácil se dispor de pessoas para ajudarem nas tarefas domésticas. Além da cozinheira, havia em casa uma jovem, vinda do interior, para cuidar das crianças, uma menina de 04 anos, e um menino de três. Ela já era mãe de um menino que nasceu e morava na sua cidade de origem. Quando chegou a Natal, seus conhecimentos eram tão escassos que nada sabia sobre a luz elétrica. Tinha boa aparência e era de fácil convivência humana, e quase todas as pessoas do condomínio a conheciam e por ela nutriam certa afeição.

A jovem babá, vinda do interior, podia ser chamada de “matuta”, mas era ágil e perspicaz na conquista de paqueras. Assim, logo surgiu sua 2ª gestação. Foi acompanhada com o devido pré-natal e a gravidez foi sempre saudável. De repente, entrou em trabalho de parto, e, quando fomos avisados, já não havia tempo para levá-la à maternidade. Ali mesmo, no pequeno quarto que ela usava, fiz as vezes de parteiro, sendo obrigado a improvisar, seguindo os ditames médicos. O mais difícil de tudo foi conseguir que a parturiente perdesse a vergonha do “patrão” e separasse as coxas para que eu pudesse ajudá-la. Depois, fui buscar apoio na Maternidade E. Januário Cicco. Repito o que disse a tenente Cristiane Soares: “A questão do nascimento, da vida, é muito marcante”.  Pois é, naquele singelo local, o choro de uma bela menina recém-nascida revelou a força, a beleza e o milagre da vida.

Daladier Pessoa Cunha Lima

Reitor do UNI-RN



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