Honras a Agnelo Alves - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Honras a Agnelo Alves

Fiquei na dúvida: depois de vários dias do falecimento de Agnelo Alves, ainda seria válido um texto meu em honra à sua memória? Depois que diversas matérias nas variadas mídias foram produzidas com o mesmo objetivo, ainda caberia algo a mais, sem ser repetitivo? Depois de tantas belas páginas escritas, provindas de longas e grandes amizades, de sincera admiração por Agnelo Alves, ainda assim deveria eu, com um olhar mais distante, escrever algumas reflexões sobre esse notável norte-rio-grandense? Dissipou-se a dúvida ao me fixar na imagem de uma pessoa que soube superar obstáculos, vencer barreiras, soube lutar sem descansos por crenças e ideais, enfim, de um guerreiro que combateu o bom combate e pugnou até a última hora.

Na missa de sétimo dia pela alma de Agnelo, o filho Carlos Eduardo ressaltou a coragem do seu pai de não se render à doença, e a recusa ao ócio para melhor cuidar da saúde, pois nada o fazia desistir de suas grandes paixões, em especial da escrita e da política. Fui leitor dos seus textos, na Tribuna do Norte, quase todos sobre a vida política do nosso Estado e do Brasil. Era sagaz na análise, sendo claro e direto no estilo de escrever. Por vezes, suas críticas podiam até ser cáusticas,  mas nunca passavam para a pura agressão ou mesmo para expressões grosseiras. Sua descontraída e perspicaz escrita era o retrato do homem consciente dos seus deveres e do respeito devido a todos os cidadãos. Fui seu leitor, mas também seu eleitor, pois sufraguei seu nome por duas vezes, para deputado estadual. E o fiz de forma espontânea, uma escolha pessoal para apoiar a quem julguei merecedor do voto, pela história de honradez e de amor à causa pública. Só deixou de frequentar as sessões da Assembleia e só não mais escreveu para a sua querida Tribuna quando suas forças físicas chegaram à extrema fraqueza, causada por longa e debilitante doença.

No perfil de Agnelo Alves, vê-se a pessoa sempre apta a superar contratempos, a se refazer de crises, a vencer tribulações que a vida lhe impunha. Nada lhe tirava a fé, nenhuma provação toldava-lhe o sorriso, não existiu revés que lhe roubasse a paz. Manoel de Medeiros Brito, seu grande amigo, contou-me algumas passagens que são fortes exemplos de resiliência, de aguda inteligência e de virtudes inatas de Agnelo Alves. Ainda menino, aluno do Colégio Marista, teve de deixar os estudos a fim de se tratar de tuberculose pulmonar, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro. Não mais voltou aos bancos escolares, pois, desde muito jovem, passou a trabalhar, na condição de repórter no jornal Tribuna da Imprensa, do Rio, ao lado do irmão Aluízio Alves, de Carlos Lacerda e de Carlos Castelo Branco. É difícil de se pensar em mestres melhores do que esses três, e essa foi uma grande escola para Agnelo Alves, na qual sua fecunda inteligência floresceu para servir à política, ao jornalismo e a tudo o mais em que se envolveu na vida.

Não me cabe agora repetir os êxitos que conquistou ou os óbices que se lhe impuseram, pois são de todos bem conhecidos. Prefiro ressaltar sua altivez e sua bravura frente às dificuldades, para vencê-las e, assim, cumprir sua missão e viver feliz. À família, fica o consolo de ter tido Agnelo Alves como o centro de grande afeto e de amor mútuos, e de saber que o seu nome vai brilhar no panteão das maiores figuras humanas do Rio Grande do Norte.


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