Conversas com taxistas (2) - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Conversas com taxistas (2)
12.06.2014

Quase todas as vezes que viajo, uso o transporte de táxi, a fim de me deslocar na cidade do destino. No entanto, quando se trata de outros países, prefiro os transportes coletivos, primeiro porque é mais barato, e segundo porque posso assim sentir melhor a pulsação do lugar, perceber o semblante das pessoas comuns e suas reações na rotina do dia a dia. Em São Paulo, é possível encontrar taxistas prontos para uma conversa rápida, alguns deles com relatos bastante interessantes. A seguir, histórias que me foram contadas por um taxista de São Paulo, as quais compõem esta segunda crônica que escrevo sob esse tema.

Gervásio é um amigo que tenho em São Paulo, e sempre que viajo para lá uso os seus serviços de táxi. Norte-rio-grandense, seus parentes residem em Parnamirim, para onde vai a fim de revê-los, a cada dois ou três anos. Há cerca de quatro décadas, Gervásio foi arriscar a vida em São Paulo, contando com a ajuda de pessoa da família. Viveu maus momentos, e pensou em pegar o caminho de volta. De repente, tudo melhorou, arranjou um bom emprego e, pasmem, ganhou um prêmio da loteria esportiva. Comprou dois apartamentos e instalou um restaurante, que logo fechou, quando, então, passou a dirigir seu próprio táxi. Desse ofício, tem muitas histórias para contar, a exemplo da que se segue. Passava por rua de grande fluxo e parou para atender o aceno de pessoas, momento em que viu uma mulher caída na calçada. Pediram para ele destravar as portas e puseram a mulher desmaiada no banco traseiro. Sozinho, apenas com a passageira desconhecida, seguiu para o Incor, onde assinou as fichas como responsável pela internação, tendo o Hospital recomendado para ele não se retirar. Somente muitas horas depois, a família chegou, com jeitão de pessoas "importantes": não perguntaram quanto custou a corrida e nem mesmo agradeceram. Foram grosseiros e ingratos. No entanto, para mostrar o quanto podem ser díspares as reações humanas, vejam esse outro relato.

O taxista conduzia ao seu lado um habitual cliente pelas ruas de São Paulo quando notou que ele desmaiou, pendeu a cabeça e mudou a forma de respirar. Rápido, Gervásio levou-o para o Hospital Albert Einstein e providenciou a internação. Sabendo das boas finanças da pessoa doente, assumiu a ordem para que não lhe faltasse nada, para que recebesse a melhor assistência possível. Em seguida, ligou ao irmão do cliente, morador do Rio de Janeiro, para informar o que se passava. O paciente foi operado de urgência, devido a uma grande hemorragia digestiva interna, e, poucos dias depois, são e salvo, recebeu alta e rumou para sua casa, no Rio. Desta vez, foram mil agradecimentos do cliente e da família. Porém, não ficou só nisso, pois, não demorou para receber deles um telefonema a fim de que Gervásio fosse a uma loja da antiga Varig, onde ía ter uma surpresa. Era um bilhete aéreo São Paulo - Nova York – Paris – Londres – São Paulo, com bons hotéis pagos em cada cidade a visitar, para um mês de viagem. O que agradou mais ao taxista, além da ótima viagem, foi a certeza da gratidão expressa pelo cidadão cuja vida ele salvou.

Atento e cordial, Gervásio gosta de ler e de se manter bem informado pelo uso das novas tecnologias. Conversar é com ele mesmo, sempre de bom humor e com boas ideias. Com dois filhos do primeiro casamento, tem três lindas crianças da segunda união. Hoje, ele credita seu sucesso em São Paulo a um pouco de sorte, mas, acima de tudo, a muito trabalho.


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