Cartas de antigamente - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Cartas de antigamente
15.03.2007

Compartilhar pensamentos e emoções, através das mais variadas formas de linguagem, faz parte do dia-a-dia de qualquer pessoa. As cartas, que já foram o principal meio de comunicação à distância, perderam essa primazia, com o rápido avanço científico. Hoje, as relações e interpretações de tempo e lugar mudaram, o planeta tornou-se aldeia global e, agora, “o mundo é plano”, como afirma o escritor Thomas L. Friedman no livro que tem esse título. O charme e o romantismo das cartas, muitas delas escritas em belo estilo, em linguagem escorreita, são quase somente lembranças do passado. Felizmente, algumas foram resgatadas e transformadas em livros de especial valor literário e histórico. Nomes exponenciais da literatura brasileira estão presentes na bibliografia epistolar, a exemplo de Mário de Andrade, Câmara Cascudo, Clarice Lispector, Fernando Sabino, Monteiro Lobato, Manuel Bandeira e tantos outros. Câmara Cascudo se esmerava na arte de escrever cartas. Pesquisador inquieto, não dispondo dos meios eletrônicos que somente se tornaram largamente disponíveis após seu encantamento, usou os correios com intensidade para transmitir e para obter conhecimentos valiosos. Bastante conhecido é o título “Cartas de Mário de Andrade a Luís da Câmara Cascudo”, organizado por Veríssimo de Melo, lídimo e fecundo discípulo daquele que é o orgulho maior desta terra de Poti. Veríssimo de Melo, que ainda não recebeu homenagem à altura do seu legado à cultura potiguar, na apresentação que faz da obra acima referida, diz que raro escritor brasileiro deixou de se corresponder com Cascudo; e que aí está um dos segredos do êxito como escritor do mestre norte-rio-grandense. “De Cascudo para Oswaldo”, lançado em 2005, é outra obra que registra várias correspondências recebidas pelo escritor Oswaldo Lamartine. As cartas, apresentadas no formato original, datilografadas ou escritas à mão, são precedidas de preciosos comentários do próprio Oswaldo, a quem Cascudo chamava de sobrinho honorário. “Mozart – sua vida em cartas”, lançado em 2006 pela Reler Editora, autoria de Glória Kaiser e tradução de Anna Olga de Barros Barreto, representa tributo biográfico ao grande gênio musical, nas comemorações dos 250 anos do seu nascimento. Obra significativa para todos que se interessam pela vida e pela arte do extraordinário compositor, o livro revela correspondências de Mozart com as pessoas mais presentes no seu bem-querer, obtidas por meio de acurada pesquisa em arquivos de Viena e Salzburgo. Essas “Cartas” não pretendem mostrar Mozart como escritor, pois sua genialidade se traduz na música cheia de energia e de sentimentos, mas são significativas na análise de sua personalidade e registram passagens importantes da sua vida. Um exemplo é a carta que escreveu em maio de 1787 quando estava com 31 anos, endereçada à irmã Nannerl: “Aliás, por duas semanas fui contratado para dar aulas a um jovem músico vindo do Bonn, Ludwig von Beethoven. Um rapaz de dezessete anos, muito talentoso, mas a quem seus mestres de música tinham obrigado a se exercitar em excesso. (...)Depois de uma semana, ele improvisou ao piano pela primeira vez, e o que se ouviu foi de extrema beleza. Ele próprio se emocionou às lágrimas, porque, enquanto tocava, algo se rompeu dentro dele”. Os acervos epistolares vão se transformando em livros que são verdadeiras relíquias literárias e históricas. Nesta época de mudanças tão velozes, debruçar-se sobre as cartas de antigamente é uma forma de resgatar o passado grandioso do espírito humano.

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