Brinquedos da infância - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Brinquedos da infância
03.01.2008

Visitar loja de brinquedos pode ser bom não somente para meninos e meninas mas também para quantos já se distanciam do tempo da infância. Vez por outra, concordo em entrar nesses espaços comerciais que oferecem muitas opções prontas para atenderem o impulso consumista que domina a sociedade atual. Há poucos dias, entrei em uma grande loja de brinquedos a fim de comprar algo para presentear uma netinha, no dia do seu aniversário, embora sejam livros a primeira escolha para os netos que já sabem ler. Fiquei a olhar aquele mundo lúdico e colorido, capaz de embevecer crianças e adultos. De momento, vieram-me à memória a época e a cidade das minhas brincadeiras infantis. Cerca de 60 anos atrás, não havia o mundo industrial de hoje que abarrota esse tipo de lojas, ainda mais na pequena e tranqüila cidade de Nova Cruz, onde a meninada vivia de forma simples e livre; criativa e feliz. Afora as obrigações dos estudos, da Igreja e as tarefas na loja do meu pai, pois estudar, amar a Deus e trabalhar foram sempre seus dogmas passados aos filhos, era aproveitar as diversões da época e do lugar, muitas delas nascidas da imaginação infantil, desafiada a criar suas opções de lazer. Além das indefectíveis peladas de futebol, lembro bem o quanto significavam para as crianças o estoque individual de castanhas de caju e o montante em cédulas feitas de carteiras de cigarro. Todo menino – também algumas meninas – carregava um gasto bornal de tecido contendo castanhas de caju, pois elas tinham um valor próprio, como se fossem moeda, ou melhor, espécie de “commodity”. Podiam até ser negociadas por dinheiro corrente, mas isso não era o mais importante: possuir mais e mais essas “commodities” significava mesmo uma realização pessoal. O jogo mais comum era arremessar castanhas, de certa distância, a fim de derrubar uma outra de maior porte, a qual havia sido fincada em posição vertical sobre pequeno monte de areia. O primeiro a atingir o alvo era dono da “mão”, ou seja, de todas as valiosas unidades que haviam sido jogadas. Outra moeda forte eram “cédulas” feitas com papel das carteiras de cigarro. Quem não queria ter o bolso cheio dessas notas, principalmente se no meio delas houvesse uma Camel ou uma Lucky Strike, reflexo da presença americana em Natal? Distrair-se com futebol de botão era também passatempo usado com freqüência, porém não se via time comprado em loja. Os botões eram feitos pelos próprios contendores. Cheguei a fazer um time inteiro de botões de quenga de coco, todos batizados com nomes de famosos jogadores. Esses nomes se obtinham na escuta do rádio energizado por bateria de automóvel. Puxo pela lembrança e estou vendo o botão mais bonito que consegui fazer, autor de gols espetaculares. Outro anseio eram os bonitos caminhões de madeira. Queria, contudo, fabricar eu mesmo esse brinquedo, o caminhãozinho dos meus sonhos, e nunca consegui. Mas também não desisti logo e muito tentei vencer esse desafio... Rubem Alves, em um dos seus livros infanto-juvenis, fala de antigo relógio em uma loja de brinquedos. No mostrador, havia um velho com longas barbas brancas, além da expressão em latim: “ Tempus fugit” – o tempo foge. Mas a saudade alimenta a alma e, para afetuosas lembranças, nada melhor do que a frase de Adélia Prado: “Aquilo que a memória ama fica eterno”.

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