Albert Sabin e Heloísa - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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Albert Sabin e Heloísa

No romance Nêmesis, do grande escritor norte-americano Philip Roth, cujo enredo se baseia em intenso surto de poliomielite que assolou o estado de New Jersey – Estados Unidos –, em 1944, o narrador comenta sobre as três maiores ameaças, à época, na face da terra: a guerra, a bomba atômica e a poliomielite. De fato, essa terrível virose era um flagelo global, cujas vítimas podiam ser crianças, jovens e adultos, apesar do termo paralisia infantil. O exemplo mais conhecido no mundo, entre os adultos, é o caso do presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt, que contraiu a virose aos 39 anos. Em janeiro de 1943, Roosevelt veio a Natal a fim de se encontrar com o presidente do Brasíl, Getúlio Vargas. Pouco tempo depois do famoso encontro em Natal, Getúlio Vargas perdia um filho de 23 anos, apenas 10 dias após adoecer de poliomielite aguda. Hoje, felizmente, o cenário é outro, para essa e para outras doenças infecciosas, as quais estão sob controle graças ao uso das vacinas. No caso da pólio, dois nomes são ícones na descoberta da vacina: Jones Salk (1914-1995) e Albert Sabin (1906-1993).

Portanto, são dois heróis, Sabin e Salk, na batalha mundial para a erradicação da pólio, por meio de vacinas. Ambos abriram mão dos direitos de patentes, a fim de tornarem mais viáveis as campanhas maciças de vacinação, no intuito de salvar os seres humanos desse flagelo, o que, depois de mais de 50 anos, está bem perto de se concretizar. Salk saiu na frente, e sua vacina injetável de vírus mortos começou a ser usada nos Estados Unidos a partir de 1955, e, ainda hoje, é a preferida no país. A vacina Sabin, de vírus vivos atenuados, por via oral, só recebeu a chancela para uso público nos primeiros anos da década de 1960. No Brasil, a partir da década de 1970, esse tipo de vacina passou a fazer parte do programa de imunização do sistema público de saúde, com ótimos resultados para a erradicação da pólio. Nos dias atuais, renovam-se os estudos sobre a correta opção por um ou outro tipo da vacina, a depender de cada caso e circunstância.

A vida de Albert Sabin tem muito a ver com o Brasil, porquanto ele se casou com uma brasileira – Heloísa Dunshee de Abranches Sabin (1917-2016) –, sua terceira esposa. A morte de Heloísa, há poucos dias, mereceu o registro do obituário da Folha de S. Paulo, em texto assinado por Marcelo Ninio, de Washington. Ela morreu na capital dos Estados Unidos, em 12/10/2016, onde vivia sozinha – há 4 anos,  morava em uma casa de idosos –, desde que ficou viúva de Albert Sabin, em 1993. Logo depois da viuvez, criou o Instituto Sabin de Vacinas, a fim de preservar a missão do esposo no combate e na prevenção de doenças infecciosas, em todo o planeta. 

Em face da opção dos Estados Unidos pela vacina Salk – injetável –,  o médico e cientista Sabin procurou outros países para provar a eficácia da vacinação por via oral, vindo ao Brasil por diversas vezes, nas décadas de 1960 e 1970, época em que conheceu Heloísa em uma festa no Rio de Janeiro. Aos 54 anos, Helô – como gostava de ser chamada – era desquitada e mãe de dois filhos. Albert Sabin, 10 anos mais velho, tinha dois filhos e dois casamentos prévios. Sabin e Helô logo se uniram e se casaram, não somente para, sob o amor dos dois, formarem um feliz casal, mas também para levarem avante o ideal comum de livrar tantas pessoas da temida pólio, ao redor do mundo.

Daladier Pessoa Cunha Lima
Reitor do UNI-RN


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