A questão dos livros - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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A questão dos livros
18.06.2012

Nos dias atuais, como planejar a construção de uma biblioteca? Mesmo só para ampliar, como prever a área a ser destinada ao crescimento do acervo? Nas boas bibliotecas, sabe-se que essa área ocupa uma parcela grande da unidade. E agora, diante da tendência para o acervo virtual, qual será a melhor e a mais correta opção? Já é uma realidade a biblioteca sem paredes, que se conduz nas mãos para qualquer lugar, muito mais depois da profusão de tablets a preços cada vez menores. Enquanto os livros e as revistas impressas têm preços crescentes, as versões virtuais seguem o caminho oposto, tanto para compra quanto para empréstimo. Então, o que fazer? Talvez a melhor opção é não ser radical, ou seja, nem tanto ao mar nem tanto à terra. Dessa forma, deve-se atentar para as vantagens das páginas impressas, seu fascínio, seu carisma, ao mesmo tempo em que se auferem as facilidades e o baixo custo das novas tecnologias.

Em dias recentes, o escritor norte-americano Robert Darnton esteve no Brasil, para participar de evento cultural em São Paulo. Darnton, autor de vários livros, entre os quais "A Questão dos Livros" (2010), dirige a maior rede de bibliotecas acadêmicas do planeta, a de Harvard. Ph.D. em História, é um estudioso da Europa, em especial da França e da Revolução Francesa. Em entrevista concedida à Folha – folha.com –, ele diz que a crise na Europa vai além dos problemas econômicos, e arremata: "O eurocentrismo morreu". Fala da crise educacional e diz que as universidades estão com problemas em toda a Europa. Ressalta as mudanças no centro de gravidade cultural do mundo, com a crescente influência de países como Turquia, China e Brasil. À pergunta "Qual o futuro das bibliotecas?", respondeu: "O acesso aberto. (...) Precisamos de uma estratégia que abra caminho para a digitalização em massa da comunicação".

Voltei à leitura da obra de Robert Darnton "A Questão dos Livros", desta feita não de forma contínua, mas de maneira seletiva. No começo da Introdução, já se pode ler um resumo do conteúdo: "Este é um livro sobre livros, uma apologia descarada em favor da palavra impressa e seu passado, presente e futuro. É também uma discussão sobre o lugar dos livros no ambiente digital que se tornou uma realidade essencial da vida para milhões de seres humanos".

O homem aprendeu a escrever por volta de 4.000 a.C. A invenção da escrita, segundo alguns autores, foi o avanço tecnológico mais significativo da humanidade. A história da escrita revela alguns marcos importantes: os hieróglifos egípcios, o uso dos símbolos alfabéticos, o códice – livros com páginas, para substituir o pergaminho –, os tipo móveis, com a prensa de Gutenberg e, em época recente, a internet. A velocidade das mudanças é de chamar a atenção: dos primeiros passos da escrita até o códice foram mais de 4.000 anos; do códice aos tipos móveis, 1150 anos; dos tipos móveis à internet, cerca de cinco séculos, da internet aos buscadores, dezessete anos; dos buscadores ao algoritmo do Google, menos de uma década. Portanto, é difícil imaginar as mudanças que irão surgir daqui pra frente. Apesar de afirmar, tanto na obra à qual me referi quanto na entrevista concedida durante sua recente visita ao Brasil, que "... o futuro, seja qual for, será digital", Robert Darnton faz a defesa do livro impresso, do contato com o papel, do conforto que oferece e até do cheiro que exala, e ressalta seu amor às salas de livros raros, "mesmo aqueles que nos forçam a calçar luvas antes de manipular seus tesouros". Seu atual grande projeto é a Biblioteca Pública Digital da América, com promessa para abril de 2013, a qual oferecerá ao mundo, de graça, um extraordinário acervo de ciência e de cultura.


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