A profissão de escritor - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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A profissão de escritor
22.01.2015

No Brasil, é possível se viver da profissão de escritor? Antes de tudo, escritor é profissão? Sobre o assunto, a Folha de S. Paulo, edição de 27/12/14, publicou ótima matéria, assinada pelo escritor Santiago Nazarian, sob o título “Do que vivem os escritores?” Com surpresa, vi que, de 50 escritores entrevistados por Nazarian, somente 10 têm como fonte de renda principal outra profissão, por exemplo, funcionário público e empresário. No entanto, o ganho por venda de livro ainda é muito pequeno, pois cada autor recebe cerca de 10% do preço de capa. Apenas 4 entre os 50 entrevistados têm na venda de livros relevante renda, enquanto a maioria aufere a principal receita por meio de oficinas literárias, aulas, prêmios, atividades em jornais, traduções, debates e palestras, todas em função de um intenso labor intelectual.

A escritora Ivana Arruda, participante da pesquisa, diz que muitos escritores vivem da escrita. “O autor não precisa mais se submeter a um emprego fora da sua área”. Nos dias atuais, viver da escrita – não somente da venda de livros – no país está se tornando cada dia mais viável, o que se constitui um impulso à profissão de escritor. No passado, mesmo expoentes do porte de Machado de Assis, Lima Barreto e Carlos Drummond de Andrade tiveram vínculos de empregos públicos, a fim de obterem receitas para suas despesas familiares. Sobre esse tema, o escritor Michel Laub, assim se expressa: “Não ter de cumprir expediente faz diferença para quem precisa de tempo, ou ao menos administrar o tempo com mais liberdade”.

Dos famosos autores globais da atualidade, lembro-me de Philip Roth que deixou a função de professor de grandes universidades americanas para se dedicar à escrita em tempo integral. Um caso de apego à docência – sem causar transtorno à vida de escritor –, é o de Vladimir Nabocov. Em uma entrevista para a revista Paris Review, de 1967, em face de uma pergunta sobre as vantagens e desvantagens de ser professor da Cornell University, ele assim respondeu: “Uma biblioteca universitária de primeira qualidade cercada de um campus confortável é um belo ambiente para um escritor”. Na contramão dessa forma de pensar, temos, no Brasil, o exemplo do consagrado escritor Cristóvão Tezza, que largou a carreira docente – Universidade Federal do Paraná – para se dedicar à escrita. Faltavam 10 anos para a aposentadoria quando, em 2009, ele pediu demissão, para ficar, conforme suas palavras, “livre como um pássaro”.

Em crônica de 2008, Cristóvão Tezza comenta, com certo humor, a profissão cujo trabalho é a escrita, e diz que ser escritor é um mau negócio. Se fosse bom, diz Tezza, bastaria abrir os classificados dos jornais para encontrar muitas chamadas do tipo “Contratam-se romancistas”, “Precisa-se de um poeta concretista”, e por aí vai. Essa foi a maneira usada para realçar os percalços da profissão de escritor, da qual ele é um completo exemplo de sucesso. Enfim, pela realidade atual, expressa na pesquisa de Santiago Nazarian, bem assim pelo ponto de vista do escritor Raphael Draccon, constante na crônica publicada na Folha em 05/01/15, chega-se à conclusão de que escrever pode ser uma rentável profissão, cada dia com maior chance de, sozinha, prover boas condições financeiras ao escritor.


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