A Expedição Langsdorff - Centro Universitário do Rio Grande do Norte - UNI-RN
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A Expedição Langsdorff
11.03.2010

Daladier Pessoa Cunha Lima Reitor da FARN Ao rever papéis e arquivos de tempos atrás, encontrei uma missiva assinada por Boris Komissarov, sem data e enviada aos “Magníficos Reitores”. Tenho a impressão de tê-la recebido em uma reunião em Brasília, por volta de 1989, quando exercia o cargo de Reitor da UFRN. O missivista se reporta a protocolo assinado entre a Academia de Ciências da União Soviética e a Universidade de Brasília, para tornar viável os estudos sobre a Expedição Langsdorff, em especial, por parte de instituições e de cientistas brasileiros. Ele dizia que trouxera para o Brasil os microfilmes do acervo Langsdorff, o qual se encontrava quase esquecido nos museus da União Soviética. Sobre o acervo, referiu-se a centenas de páginas manuscritas, mapas, desenhos, herbário (mais de cem mil exemplares), coleções de sementes e zoológicas, frutos e espécies de madeira. Todo esse material foi coletado pela Expedição Langsdorff, no período de 1821 a 1829, ao longo do percurso: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Centro-Oeste e Amazônia. Komissarov ressalta que esses estudos serão úteis também para se comparar o Brasil de hoje e o de ontem, do tempo da Independência, sob o ponto de vista da natureza, das tribos e dos costumes da época. Com a leitura dessa missiva-circular, que encontrei por acaso, e tendo certo interesse em temas ligados às expedições do passado pelo interior do Brasil, saí à procura de mais detalhes sobre o assunto dessa carta. Fui rebuscar nas minhas estantes a obra Expedição Langsdorff ao Brasil – 1821 -1829, em três volumes, editada em 1988, com o apoio do Banco do Brasil. Decerto se trata de edição esgotada do melhor livro-documento sobre a heroica expedição que deixou um legado de estudos criados ainda na fase de formação da identidade cultural do Brasil. Tudo começou em 1821, quando o cônsul-geral da Rússia no Rio de Janeiro, Grigorii Ivanovitch Langsdorff (1774-1852), nascido na Alemanha mas com cidadania russa, recebeu total apoio do czar Alexandre I para realizar viagem de pesquisa pelo interior do Brasil, numa época em que o país abria suas fronteiras ao interesse científico do mundo. Formado em medicina, Langsdorff deixou a profissão para se dedicar à história natural, à etnografia e à geografia. Começa assim, sob a chancela do governo russo, a Expedição Langsdorff, que durante oito anos percorreu cerca de dezessete mil quilômetros do território brasileiro. Também faziam parte do grupo o botânico Ludwig Riedel, o cartógrafo Nester Rubtsov e o zoólogo Christian Hasse. Para registrar a jornada em desenhos e aquarelas, a Expedição contou com os pintores Moritz Rugendas, Hercule Florence e Adrien Taunay. Mas somente a partir de 1825, a caravana de cientistas e artistas enfrentou as regiões mais inóspitas do interior do país. Nessas áreas de florestas, quase todos os integrantes foram vítimas de doenças febris e outros males, inclusive Langsdorff, que teve de voltar às pressas para o Rio de Janeiro, gravemente enfermo. Outra tragédia foi a morte por afogamento do pintor Adrien Taunay, aos 25 anos, quando tentou atravessar a nado o rio Guaporé. A obra em três volumes à qual me referi antes traz 368 desenhos e aquarelas de Rugendas, Taunay e Florence, “o mais belo retrato do Brasil no século XIX – nos campos da arte e da ciência”. O cidadão russo Boris Komissarov – autor da carta que me levou a escrever este texto – é tido como o maior pesquisador do acervo da Expedição Langsdorff, além de constar no seu currículo as funções de Professor da Universidade de São Petersburgo e de Professor Visitante da Universidade de Brasília. Seu nome é citado e consta nas Referências Bibliográficas no ótimo livro Grandes Expedições à Amazônia Brasileira – 1500 – 1930, lançado em 2009, de João Meirelles Filho.

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