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A arte do diagnóstico
17.10.2012

Por vezes me surpreendo na busca de um diagnóstico para um problema alheio à medicina, seja no âmbito administrativo, seja em qualquer assuntao do dia a dia. Na condição de médico, mesmo longe da profissão, aplico a regra de "tratar" tal problema somente após encontrar as causas e de saber, com quase certeza, qual é a real distorção. Essa conduta é muito mais racional e gera maior chance de êxitos. Uma conclusão errada sobre uma questão pode resultar em medidas ineficazes ou até mesmo danosas. A minha formação médica atenta a essa maneira de agir tem ajudado nas diversas lides que a vida me enseja.

Se um diagnóstico exato de qualquer transtorno no meio social é, às vezes, bastante difícil, também o é para identificar a doença, ponto crucial na prática médica. "Na medicina, a incerteza é o próprio ar que respiramos", diz a dra. Lisa Sanders, na introdução do seu livro "Todo Paciente Tem uma História para Contar – Mistérios médicos e a arte do diagnóstico". Este ótimo livro foi lançado nos Estados Unidos em 2009 e, no Brasil, em 2010, pela editora Zahar. A dra.Sanders é professora de medicina clínica na Universidade Yale e assina a coluna mensal "Diagnóstico", do New York Times Magazine. Ela é consultora técnica da série de TV do dr. House, de tão alta audiência em quase todo o mundo. Lisa Sanders esteve no Brasil em 2011, para relançar esse seu livro, durante a XV Bienal do Livro do Rio de janeiro.

O livro "Todo Paciente Tem uma História para Contar" foca na luta do médico para descobrir com exatidão o que torna o paciente doente, com o relato de vários casos clínicos que ilustram essa condição. Sabe-se que alguns médicos são mais hábeis do que outros em fecharem o quebra-cabeça, unindo a história clínica, o exame físico e os testes de laboratórios. Para isso, concorrem o saber teórico, a experiência prática, e a capacidade de análise e de dedução. A autora diz que assistiu colóquio no Colégio Americano de Medicina da Filadélfia, com a presença da dra. Faith Fitzgerald, uma versão melhorada do dr.House, assim, com suas virtudes e sem os seus defeitos. A história de um paciente e a evolução clínica, além dos exames complementares, foram mostrados a Fitzgerald, para ela desvendar o diagnóstico, "fazendo o papel de um Sherlock Holmes moderno, ante um auditório de Watsons". A plateia se compunha de médicos experientes e estudantes. Ao final, a dra. Faith não acertou o diagnóstico, mas recebeu intensos aplausos. Em dois outros casos, ela acertou o diagnóstico, e, após a sessão, comentou com a colega Lisa Sanders: "É uma forma de entretenimento. Boa parte da atração da clínica médica é Sherlockiana – resolve o caso a partir de pistas. Nós somos os detetives; sentimos prazer com o processo de desvendar o caso. É o que os médicos mais gostam de fazer".

O livro acima citado faz a apologia da história do paciente e do exame físico no acerto diagnóstico, sem desprezar o valor das novas tecnologias. Saber ouvir, conversar com o doente, dar atenção ao exame físico ajudam a levar ao diagnóstico correto, inclusive por induzir ao pedido adequado de exames complementares, até se chegar à melhor conclusão, tanto para o médico, como para o paciente. Ou mesmo de evitar algum exame ou procedimento que venha a agravar as condições da pessoa enferma. Não se trata de falta de apreço às novas tecnologias na medicina, até porque são elas em grande parte as responsáveis por muitos diagnósticos, que antes só eram feitos na mesa de autópsias. Trata-se, no entanto, de não se relegar as práticas médicas mais humanizadas e mais racionais, pois qualquer terapia eficaz depende de um diagnóstico preciso. Todos os médicos deveriam ler essa obra da dra. Lisa Sanders.


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